Albert Bierstadt & Mark Keathley
Como seriam as paisagens selvagens do oeste americano, ainda
povoado de índios e sua fauna e flora sublime? Albert Bierstadt nos presenteou com obras monumentais, que
retratam a natureza da paisagem de forma a majestosa e que nos enche de reverência.
E imaginando em tais cenários, é
impossível não sentir paz e reverência. Bierstadt foi o homem certo e nasceu no
momento certo para retratar com perfeição descritiva e habilidade para inserir
um tipo de luz, ora dourada, ora atmosferograficamente misteriosa. Me senti
profundamente tocado quando vi um print, numa revista de pintura, um detalhe da
Sierra Nevada, com um conjunto cervos em primeiro plano com uma floresta
sobressaindo nas laterais em planos afastados, uma cachoeira alimentada por um
fio de água que desce a montanha, cujo pico está envolvida por uma bruma
traspassada por uma luz que desce, não em feixes, mas massificada; realçando os
elementos para os quais nossos olhos são direcionados. Saber que um ser humano concebeu
tal cenário na pintura nos emociona. Quem me conhece sabe que gosto de pintura
com cara de pintura. Pinturas hiper-realistas me impressionam mas não me
inspiram. Mas as pinturas de Bierstadt eu simpatizo como justifico sua pegada
de realidade fotográfica.Suas obras era cartões postais no tempo que a
fotografia esta ainda engatinhando tecnicamente.Se não fosse ele, ninguém mais
o faria tão divinamente com todo respeito a Thomas Cole!E imaginar que por
conta de modismos, de novas tendências, telas suas em galerias foram rasgadas
pelos proprietários, ou vendidas por preços meros 2 dólares cada! Pois é, uma
coisa é criticar e desdenhar do artista de tamanho talento, outra é fazer oque
ele fez , quando os recursos eram escassos em ferramentas e tinha que ter talento
pra sobressair-se...Sua carreira ganhou fama e fortuna, ele chegou a ser o
artista vivo mais bem pago do seu tempo, assim como Thomas Kinkade o fora em
nosso
tempo. Tamanha fama e prestígio também despertava ciúmes inflamados de despeita. Sua onipresença se tornou um incômodo para outros artistas. Em 1870 Hank Smith protestou: "Hoje em dia é só Bierstadt e Bierstadt e Bierstadt! O que ele fez senão alterar e entortar e distorcer e descolorir e diminuir e enfeiar todo este país decepcionado? Porquê? Suas montanhas são altas demais e finas demais, elas vão desmoronar ao primeiro vento de outono! Eu conduzi cavalos por dois verões no Yosemite, e, para ser honesto, quando eu me coloquei diante desta pintura não o reconheci". Mark Twain, observando a tela Pôr-do-sol no vale do Yosemite, disse que "algumas das montanhas do sr. Bierstadt mergulham em uma bruma perolada, que é tão encantadoramente bela que deploro que o Criador não a tenha criado Ele mesmo de modo que ela pudesse permanecer lá.... Não precisamos desta atmosfera glorificada num retrato do Yosemite, ao qual ela seguramente não pertence". Só lembrando que Mark Twain, NÃO ERA PINTOR. Ademais, câmeras modernas tem captado efeito de luz tão dramáticas quanto as retratadas por Bierstadt e por Claude Lorrain, precursor no uso poético da luz. Justiça seja feita, dependendo das condições atmosféricas e períodos do dia, a luz, pode sim mudar a composição e conferir um ar dramático ou poético.
Fico com descrições mais justas a respeito do gênio de Bierstadt:
Disse Diane Fischer:” ...hoje o público pode apreciar suas pinturas por seu brilhantismo técnico, pela sua evocação de uma natureza imaculada que agora sabemos ser tão frágil, e por sua habilidade de nos transportar para um universo mágico, semelhante ao nosso, mas sem suas imperfeições".
Para Nancy Anderson, "em pinturas que se tornaram santuários visuais (como muitas das paisagens que pintou se tornaram santuários naturais), Bierstadt ofereceu um porto seguro para o mito do selvagem que reside no coração da definição norte-americana de si mesma. "
O curador da Ala Americana do Metropolitan Museum of Art, John Howat, considera que a mensagem principal dessas pinturas é que a natureza deve ser preservada
Mark Keathley é hoje o Albert Bierstadt do nosso tempo. Pegada poética, dramática, desenho fiel. Difença: suas cores são mais vivas. Mark também explora temas figurativos, românticos, patrióticos, em muitos aspectos sua pintura lembra muito as telas de Paul Detlefsen ao retratar o ideal americano de ser e viver na América Rural. Não tem como não lembrar de Bierstadt ao ver as obras de Kethley!
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